O passe estudantil foi aprovado. Depois de 42 anos de luta, segundo Márcio Cardoso, presidente do DEMC, o projeto de lei nº 206/2008 do prefeito Athos Avelino foi votado e aprovado pela Câmara Municipal, na manhã desta terça-feira, dia 16 de setembro. “Arrá, urru, o passe estudantil é nosso!”, este era o grito de euforia de centenas de estudantes que lotaram o auditório da Câmara.
A alegria era geral. Estudantes se abraçavam, choravam, gritavam. O diretor do DCE da Unimontes, Juliano Gonçalves, disse que esta conquista é histórica e vai beneficiar principalmente os estudantes pobres, da periferia. Diego Marden, representante da UNE, afirmou que esta foi uma vitória de todos os estudantes, graças ao Prefeito Athos que teve a iniciativa de implantar o passe estudantil. Pedro Jerônimo, acadêmico de Direito, apontou que a proposta aprovada é responsável e viável, pois o passe estudantil demanda grande soma de recursos para custeá-lo.
O diretor da Escola Estadual Prof. Plínio Ribeiro (Escola Normal), Manoelito Moura, ficou radiante com a aprovação. Segundo ele, este projeto é de grande alcance social, pois deverá beneficiar mais de 1.500 alunos da Escola que dirige, de famílias pobres e que moram em bairros distantes.
OPOSIÇÃO NÃO QUERIA VOTAR
A oposição utilizou de todas as formas para que o projeto não entrasse em votação. Desde a primeira semana de agosto, na tramitação na Comissão de Legislação, Justiça e Redação, o vereador Lipa Xavier, do PC do B, apresentou vários argumentos protelatórios. Venceu o prazo sem que a Comissão conseguisse apresentar o seu parecer. Este foi o depoimento do vereador Dr.Silveira, do PTN, presidente da Comissão. Lipa tentou argumentar contra a votação do projeto, dizendo que o presidente Cori Ribeiro se equivocava na interpretação do Regimento Interno da Câmara. Cori foi firme e justificou que a Lei Orgânica do Município o obrigava a levar o projeto de lei ao plenário para discussão e votação. Rosemberg Medeiros, do DEM, afirmou que o vereador que votasse a favor poderia ser cassado por ter benefício eleitoral com a medida.
Ao discursar contra o projeto os vereadores Lipa Xavier, Fátima Pereira (PSDB) e Sebastião Pimenta (PDT) disseram que aquela proposta iria beneficiar menos de 1% dos estudantes, mas garantiram votar a favor. Não teriam coragem em votar contra, com a galera toda de olho, em plena reta final de campanha eleitoral.
Por fim, os estudantes assistiram a aprovação do projeto de lei do Passe Estudantil, do Prefeito Athos Avelino, ser aprovado com 13 votos favoráveis e uma abstenção.
Devido às fortes manifestações estudantis a sessão foi encerrada, ficando as emendas apresentadas a serem discutidas e aprovadas. nas próximas sessões.
MILHARES DE ALUNOS BENEFICIADOS
Ao contrário do que afirma a oposição, o projeto de lei do Passe Estudantil do Prefeito Athos Avelino pode beneficiar estudantes pobres de mais de 50 mil famílias. Segundo o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2007, 67,66% das famílias de Montes Claros tinham uma renda abaixo de 3 salários mínimos. O projeto limita o benefício a estudantes de famílias nesta faixa de renda. Outro critério é residir a mais de 01 (um) quilômetro da escola em que está matriculado. O estudante terá direito a 54 passes/mês, pagando 50% da tarifa.
Segundo dados sobre evasão escolar, é justamente nas famílias de baixa renda que os jovens abandonam a escola para trabalhar e ajudar no sustento da família, sendo as despesas com o transporte escolar um dos principais motivos.
Montes Claros tem cerca de 20 mil estudantes universitários, 22 mil de ensino médio e 28 mil de ensino fundamental (5ª a 8ª séries). Estes seriam os potencialmente beneficiados pelo passe estudantil. Porém, a maioria das escolas de ensino fundamental e ensino médio estão próximos às residências dos alunos. Hoje, calcula-se que cerca de 30 mil alunos usariam transporte coletivo para ir ás aulas. Com o critério de renda per capita mais de 10 mil alunos serão beneficiários do passe estudantil. Somente nas principais escolas públicas do Centro da cidade, seriam cerca de 4.500 estudantes a terem direito ao passe estudantil.
QUANTO CUSTA O PASSE
O custo por aluno/mês é de R$ 41,85 ou R$ 418,50 por ano. Para cada mil alunos beneficiados, a Prefeitura terá que arcar com R$ 418,5 mil/ano. Isto quer dizer que para atender a 10 mil alunos o orçamento municipal anual deve prever R$ 4,18 milhões.
Segundo o presidente da Transmontes, Petronilho Narciso, o passe estudantil será implantado gradativamente, de acordo com as disponiblidades financeiras, a partir de 2009. A Transmontes será responsável pelo gerenciamento do Passe Estudantil.
Álbano Silveira Machado é jornalista, psicólogo e servidor público municipal.
Assessor da Coordenadoria da Juventude / Casa da Juventude